No contexto empresarial brasileiro, as empresas familiares representam uma parcela significativa do mercado. A gestão dessas empresas, em sua maioria, é concentrada nas mãos da primeira geração, composta pelos membros da própria família. Contudo, para assegurar a perenidade e o sucesso dessas organizações, é imprescindível a implementação de um planejamento patrimonial e sucessório eficaz, para organizar e proteger os bens familiares, mas também para minimizar eventuais conflitos e preservar o legado gerado ao longo das gerações.
Entre os diversos desafios enfrentados pelas empresas familiares, um dos mais relevantes é garantir a continuidade do negócio diante de eventos inesperados, como aposentadoria, falecimento ou afastamento do fundador. Nesse contexto, o planejamento patrimonial e sucessório se revela como uma ferramenta essencial para evitar crises sucessórias e administrativas, assegurando a gestão ordenada do patrimônio familiar.
É necessário, entretanto, esclarecer que o planejamento patrimonial e sucessório não deve ser confundido com a ideia de “blindagem patrimonial”. Ao contrário, o verdadeiro objetivo desse planejamento é organizar os bens familiares e estruturar a sucessão de forma legal e estruturada, visando a proteção adequada dos ativos, mas sem garantir imunidade a riscos ou disputas.
Para a implementação de um planejamento eficaz, é imprescindível o reconhecimento por parte do fundador da empresa sobre suas aspirações para o futuro da organização. Esse planejamento deve prever, de maneira clara e objetiva, como ocorrerá a transição do controle e da gestão da empresa, com a definição precisa das responsabilidades e direitos dos herdeiros.
Além disso, é fundamental que o fundador estabeleça as diretrizes para a administração da empresa, distinguindo de forma clara as funções de administrador e das de sócio. A criação de um conselho de administração, com uma função consultiva, é uma alternativa recomendada, mantendo a gestão operacional nas mãos dos responsáveis. A estratégia adotada deve abranger, ainda, aspectos legais, fiscais, financeiros e familiares, garantindo que o processo sucessório transcorra de maneira organizada e sem conflitos relevantes.
O planejamento patrimonial tem como principal objetivo assegurar a continuidade dos negócios familiares, preservando o patrimônio entre as gerações, evitando a fragmentação do patrimônio familiar e a sobrecarga de processos sucessórios. Além disso, simplifica procedimentos complexos, como o inventário, e garante que as futuras gerações compreendam, de forma clara e objetiva, os direitos e as responsabilidades de cada um dentro da estrutura familiar e empresarial.
Em síntese, o planejamento patrimonial e sucessório é instrumento indispensável para a continuidade e a consolidação dos negócios familiares ao longo das gerações. Com uma estrutura bem definida e adaptada às particularidades de cada família, é possível assegurar a sucessão ordenada e sem conflitos, promovendo, assim, a proteção do patrimônio e o fortalecimento do legado familiar.
Por Carlos Kimura